quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Você se quer sabia o endereço, ainda assim eu a via passar pela sala com esperanças de te ver pela sacada, fitando sua janela como quem deseja emitir qualquer sinal que alertasse sua presença por ali. E ela sentia, sentia até quando tudo não era nada, e "quando" entre vocês era sinônimo de "sempre".
Eu a via inventando sonhos, um mais absurdo que o outro, para justificar ligações impulsivas no meio da noite, camuflando desejos, saudade, intenções.
E você o que fazia? Plantava dúvidas nas menores brechas, enchia de esperanças o menor copo de pinga e quando se viam era mero espectador, enquanto ela protagonizava sozinha infinitas possibilidades idealizadas. A tua covardia te ultrapassa a cabeça.

sábado, 18 de setembro de 2010

"COMO FAZ DIFERENÇA SABER QUE NADA DURA"

Como faz diferença saber quando você não esta mais sozinho.
Saber que eu nunca estive sozinha.
Faz diferença saber que as coisas mudaram, e que dessa vez mudaram de verdade. Como faz diferença não ter notícias tuas. Faz diferença sentir saudades, porque hoje eu tirei o dia para relembrar.
Faz diferença querer um acréscimo nas 24h do dia. Não ter tempo para nada por estar fazendo tudo. Amo o tempo de agora, amo o modo como o gasto e amo mais ainda as pessoas que são presenteadas todos os dias com a minha atenção. E tudo se justifica, tudo se sustenta, tudo me equilíbra, cada detalhe, todos os dias, um passo de cada vez, faz diferença saber.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Hoje parei para pensar sobre as minhas escolhas. Pensei nas frustrações futuras, e como nada me consolaria diante da hipotese concretizada. Eu não sei dizer ao certo, se eu sou pela felicidade plena e a curto prazo, ou da felicidade parcial e infinita.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

AUTONOMIA DE VONTADE

Quebrar promessas que fiz a mim mesma tem sido uma constante na minha vida. Mas, coisas idiotas e suas idiotices tendem a causar curiosidade nos irremediavelmente curiosos, imediatistas, tendenciosos ou simplesmente igualmente idiotas. Como eu.

O que eu queria mesmo dizer hoje é que: segundo KANT nenhuma das minhas vontades atuais são autônomas e moralmente válidas, o que, certamente, não deixa de ser frustrante. Me falta afinco e opções. E antes que esse post retrate a vida desprovida de sal ou pimenta, fora o pequeno detalhe descrito acima tudo vai bem, já passou da hora de minimizar os discursos revoltantes e as reclamações por aqui. Só eu que andei reparando Como o clima anda pesado? É porque o caos e o drama me inspiram (abraço Porfírio!).

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

PALHAÇADA

Espero anciosamente pela propraganda eleitoral gratuita só para ver a mulher pêra exigindo um art na Constituição Federal Brasileira defendendo os direitos das mulheres fruta!



Vamos ver alguns candidatos para a próxima eleição:




No Esporte:

Acelino Popó Freitas (PRB-BA)- O boxeador concorre a deputado estadual

Maguila (PTN-SP)- Ex-boxeador,quer ser deputado federal

Marcelinho Carioca (PSB-SP)- Ex-jogador, concorre a deputado federal

Romário (PSB-RJ)- Ex-jogador, busca uma vaga na Câmara Federal

Vampeta (PTB-SP) - Ex-jogador, concorre a deputado federal

Fabiano (PMDB-RS) - Ex-atacante do Inter, é candidato a deputado estadual

Danrlei (PTB-RS) - Ex-goleiro do Grêmio, concorre a deputado federal



Na Música:

Gaúcho da Fronteira (PTB-RS) - Músico concorre a deputado estadual

Kiko (DEM-SP) - Membro do grupo KLB, concorre a deputado federal

Leandro (DEM-SP) - Integrante do KLB, concorre a deputado estadual

Netinho (PCdoB-SP) - Cantor do grupo Negritude, concorre a senador

Reginaldo Rossi (PDT-PE) - Cantor, concorre a deputado estadual

Renner (PP-GO) - Integrante da dupla Rick&Renner, concorre ao Senado

Sérgio Reis (PR-MG) - Cantor e ator, concorre a deputado federal

Tati Quebra-Barraco (PTC-RJ) - Funkeira, concorre a deputada federal



Na Televisão:

Ronaldo Esper (PTC-SP) - O estilista quer ser deputado federal

Pedro Manso (PRB-RJ) - Humorista, disputa na vaga na Assembleia Legislativa

Dedé Santana (PSC-PR) - Humorista, quer ser deputado estadual

Tiririca (PR-SP) - Humorista, disputa uma vaga na Câmara Federal

Batoré (PP-SP) - Humorista, quer uma vaga na Câmara Federal



No Pomar:

Mulher Melão (PHS-RJ) - Cristina Célia Antunes Batista concorre a deputada federal

Mulher Pera (PTN-SP) - Suellen Aline Mendes Silva quer ser deputada federal



   

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Julho foi bom para quase tudo. Não tenho muito do que me queixar. Aliás, se tenho queixas são as mesmas dos últimos seis meses que passaram. São uma constante na minha vida, juntamente com algumas perguntas, e, aproveitando a total falta do que fazer e a inexistência de sono vou tentar listá-los a título de curiosidade e quem sabe como uma ajuda para tentar saná-los.



1. Queixa: ROSTO BONITO + FALTA DE CONTEÚDO VENDE!

Me dá enjôo o simples fato de falar sobre. Mas, acontece freqüentemente, e pode ate parecer maldade da minha parte sentar e assistir de longe. Entendam, eu não tenho o direito de intervir, portanto aceito o comodismo da situação, pego uma pipoca e acompanho a venda do "peixe". Se a coisa toda acontecer, ta, vou dormir decepcionada com a falta de filtro de uns e outros e é claro com aquele indesejável TROUXA por falar agarrado na garganta.


2. Pergunta: PORQUE VOCÊ É TÃO ESTRANHO?

Bom, essa tem endereço certo. essa tal estranheza qualquer dia me mata e em tempos passados acrescentou em minha vida aquela dose de drama servida em copo de pinga.
Eu não sei se deveria enxergar no destinatário tanta tristeza. Na voz, nas palavras, nas ações, o fato é que: EU ME PREOCUPO.



3. Queixa: A MINHA FALTA DE FOCO .

Essa coisa toda tem me feito dar voltas ao redor de um grande buraco cheio de merda. Negar que eu estou perdida ou que não sei por onde começar tem me deixado todos os dias a um passo de cair lá.



4. Pergunta: "DEPOIS DE NÓS" ?

De fato ganhei algum equilíbrio em algum ponto de um todo, e com ele uma nova perspectiva. Por outro lado essa nova pespectiva cravou em mim uma dúvida, já que eu havia construído uma certeza inquestionável para a minha utopia de "vida perfeita". Nenhuma palavra dita hoje ou a algum dia atrás, nenhuma distância ou proximidade pode sequer dar clareza às coisas no máximo um curto momento de nostalgia, e essa infelizmente não me deixa alternativas, sou incapacitada por coragem e por possibilidade de resolver a questão, se é que existe alguma! Portanto também me preocupa a minha saúde mental.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

DISPENSO DOUTOR.

Dei voltas para instintivamente parar aqui, já estava de saco cheio, afinal já passavam das 1 da manhã. E então eis que surge teu nome, e as paredes são testemunha da minha aflição , sigo pausando aquele minuto, do close da camêra no teu rosto.

As paredes do teu quarto, das casas da tua rua, dos bares, os muros da praça, as paredes do Matriz. As paredes não falam, GRAÇAS A DEUS.



All time low@Therapy
Amanda Vasconcelos diz:
haha correu,
sabia que tinha corrido

Carlos Porfírio diz:
heim?

Amanda Vasconcelos diz:
sabia que tinha se mudado

Carlos Porfírio diz:
rs
mas esse ainda não tem nada

Amanda Vasconcelos diz:
é como o meu,
e se sua vida anda como a minha
certamente vai cair o número de posts produzidos, rs
vida de dono de blog tem que ter drama

Carlos Porfírio diz:
e como anda sua vida?

Amanda Vasconcelos diz:
no drama
:]
confesso que sinto falta
é tudo tão... estável
rs

Carlos Porfírio diz:
peraíqueeuboiei
se é "tudo tão estável", cadê o drama?

Amanda Vasconcelos diz:
si é estável, não tem drama...
Carlos Porfírio diz:
saquei
sem drama, se abre espaço para a tragédia
que devo dizer, são muito mais interessantes

Amanda Vasconcelos diz:
essa discursão nunca toma rumo nenhum, rs
sou do drama, e não largo, rs

Carlos Porfírio diz:
hahaha
dramas são mornos
em tragedia há calor
tragédia é o apogeu, enquanto drama, não chega nem a ser algo

Amanda Vasconcelos diz:
não, drama da apenas a dose certa

Carlos Porfírio diz:
não gosto de "apenas", não gosto de "dose" e não gosto de "certa"
gosto de tudo errado e de uma vez só

Amanda Vasconcelos diz:
haha tá, isso cá entre nós foi bem DRAMÁTICO

quinta-feira, 15 de julho de 2010

QUE-PORRA-É-ESSA?

Por um milagre nasceu saudável de local inóspito e estéril, cresceu e deu seus primeiro passos largos e vacilantes por sobre a insatisfação. Eu diria que sempre soube, e, por entender dos fatos em hora alguma me submeti a concentrar algum tanto de fé em causa de subentendida derrota. Pasmem nunca na vida haveria de presenciar algo dando tão errado-de-certo; Eu estava enganada, justo eu, que me orgulhava de um, digamos, pós-doutorado na área em questão. Muitos tinham ciência do meu equívoco,  essa condição não foge à regra, engoli a seco alguns: "eu-sabia" que desceram feito limão com sal pela garganta. Agora cá estou eu, sustentando o sorriso que se sustentava sozinho, porque já existi um pouco da dor da perda no simples fato de poder vir a algum dia perder.


(Obs. Sobre o título: uma frase típica de quem é acostumado a sempre ter razão.)

terça-feira, 13 de julho de 2010


Me flagrei falando nada com nada, na ânsia da muita informação que o cérebro não processava e que a boca não transmitia.
Pensei na conversa, mas não precisava de tanto, concordei no ato e me senti tão romântica quanto, em razão de toda a inocência que a palavra possa carregar. Ainda preciso reter mais idéias pra entender, se esse tal de "meu tempo" perdeu junto com os tais paradigmas o tão valorizado respeito. Mas, no entanto, o que se entende por respeito?

Segundo o dicionário Houaiss: Respeito s.m 1 sentimento que leva a tratar alguém ou algo com grande atenção 2 ponto de vista 3 referência

Ouso dizer que o sentindo também sofreu grande mutação juntamente com a sociedade atual, que hoje atende por consumista (o que, obviamente a faz jus) para atender, ou melhor, se adaptar ao "meu tempo". Se buscarmos cada dia mais a satisfação dos nossos sentidos e largamos mão de qualquer verdade universal que nos prive disso, por entender que aí está a felicidade, onde é que vamos parar afinal? Será que por guardar em mim tanto romantismo, por me apegar a tantas verdades eu não estaria impedido inconscientemente a evolução natural das coisas? Será que a falta de sentimento da minha parte QUE ME LEVA A TRATAR ALGUÉM OU ALGO COM GRANDE ATENÇÃO em relação a aqueles alienadores do povo, banalizadores das grandes instituições como família e casamento deveria cessar?

Minha atenção voltou-se novamente à conversa da roda. Acalmei o turbilhão de pensamentos sintentizando-os em uma frase simples: Não me imagino feliz dançando o créu.

sábado, 26 de junho de 2010

ME GUSTA

Me beneficio todos os dias com os poderes da auto-disciplina. Tudo tem ganhado post it, horário, contrato, promessa e caneta marca texto. Era carente de organização pessoal, então, para o proximo período não me faltam pretensões...

Um Salve para Constanza Pascolato, definitivamente, minha DIVA.

domingo, 20 de junho de 2010

"TABAJARA FEELINGS"

Um sábado a noite em casa pode ganhar circunstâncias atrativas quando a cabeça começa a funcionar por um propósito diferente do que fora integrado à pauta da noite. Cá estou eu avaliando os fatos, dos quais nenhum Código penal no Common Law poderia prever e punir.
Momentos como estes tem sido cada vez mais raros. Preencho cada segundo de tempo concentrada na síntese de elementos estruturais complexos que se formou bem abaixo do meu nariz. Maquiar tudo isso não tem sido das tarefas a mais difícil. quando o verbo querer é encaixado nos acasos como termo negativo, afastando-se qualquer tipo de orçamento pessoal, o que se tem no presente momento se fará suficiente, está de bom tamanho. Hoje, só me preocupa essencialmente o mês de julho, a quantidade de tempo ocioso pode fazer com que eu não contenha tantas palavras e principalmente visitas.

(Na preguiça de ajustar os horários... exatamente 03:00 da manhã de domingo. Horário de Brasília.)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Confesso que quando o assunto era a internacionalização da Amazônia a minha opinião se limitava ao silêncio. A resposta do senador foi brilhante, coerente e sucinta (invejinhaa) certamente vou citá-lo na proxima vez que for questionada.



Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos,o ex-governador do DF, ex-ministro da educação e atual senador CRISTÓVAM BUARQUE, foi questionado
sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.

O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.

Esta foi a resposta do Sr.Cristóvam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso."

"Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade."

"Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia
para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou
diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço."

"Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser
internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.
Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação."

"Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário
ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês,decidiu enterrar com ele, um quadro de
um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado."

"Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York,
como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro."

"Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil."

"Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro."

"Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia
seja nossa. Só nossa!"

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A UMA MANHÃ FRIA DE SOL E CÉU CLARO

BH amanheceu assim, como um consolo para os que não dormiram, pela força da preocupação em relação à prova de Constitucional, ou por incessante trabalho cerebral focado em pautas (ir)relevantes.

Um bom banho quente e café forte devem resolver, sinto pelos que arrastam seus corpos para mais um dia de trabalho, eu estou indo... carpe o diem.

terça-feira, 8 de junho de 2010

TABACARIA

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
(...) O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
(...)E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa. (...)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.(...)


FERNANDO PESSOA
Andei relendo os fragmentos dos dias passados que deixei nos diários. 80% confusão e instabilidade. Eu considero os três últimos anos passados os cruciais para que hoje existisse bases suficientemente fortes e concretas, uma opinião formada sobre mim, e algo definitivo sobre o que eu gostaria de fazer e ter. Mas, como eu já disse, foram anos conturbados e instáveis. No momento atual olho para mim e interpreto um enorme ponto de interrogação, o que, vale dizer, ser a opinião de muitos dos que me conhecem. Faço um curso do qual talvez/definitivamente/não sei ao certo se é o que eu quero. Me vejo vivendo sobre as regras de uma decisão que tomei, e 70% do tempo eu me orgulho de a ter tomado, 20% eu me tranco em recordações, vitor Hugo comentou uma vez sobre a proximidade de recordação e remorço, se sua teoria procede, creio que sou uma exceção. E nos 10% restantes, eu me sento e fixo um ponto qualquer da parede, para lamentar quase nunca saber ao certo se me caso ou compro a tal bicicleta.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

The kooks e a minha imaginação falha


Há meses economizo pensamentos para guiá-los a um primeiro post em um novo blog, num futuro qualquer.
Me policio para me manter longe de tudo que contem um certo nome, por medo de atitude diversa a que me mantém estável. Não seria a primeira vez em que eu imploraria um tempo entre as corriqueiras 24h. Me mantenho vivendo sem viver, sofrendo sem sofrer, por providência divina, ou por resquícios da frieza do meio termo das minhas fases. Me sobrou disso tudo algumas perguntas, planos futuros e outros que mal nasceram e já foram frustrados. Lições de moral juntei em dezenas, e o porquê de falar do lado negativo do "Novo-tudo" é bem simples: Tudo que é, mantém consigo dois lados, duas partes. E esta sobre a qual vos falo, eu até então não havia dividido com ninguém.

A saga continua, blogs e fotologs devem ver-se CHEIOS de mim, no sentido pernicioso da palavra.